sábado, 17 de março de 2018

Corações Valentes.


Corações Valentes.

28 de junho de 1914. O assassinato do Arquiduque Francis Ferdinand põe em movimento o mais perigoso evento já visto pela humanidade até então, A Grande Guerra. Valiant Heart (Ubisoft, 2015,PC) tira o foco dos embates entre as grandes potencias e acompanha algumas vidas pegas no meio do caos. A história do jogo, que é seu ponto mais forte, acompanha principalmente cinco personagens: Emile, Freddie, Karl, Anna e o cachorro Walt. Para não estragar nada sobre ela vou tentar manter ao mínimo os detalhes. A capacidade dos escritores de misturar história real e ficção no jogo faz com que seja um deleite ver como certas batalhas e táticas foram imaginadas. Os temas tratados passam por: Nacionalismo, deserção, vingança e outros mais. O enredo do jogo se concentra principalmente em Emile. Ele é um pequeno agricultor francês que vive com sua filha, seu neto e seu genro Karl. Porem Karl é alemão e como França e Alemanha estavam em lados opostos, Karl foi obrigado a abandonar sua família e a se alistar. Semanas depois de Karl deixar sua casa, Emilie é convocado para lutar. Daqui a história se desenrola.

Emile

A música de Valiant Heart é, para ser econômico, soberba. A trilha principal se chama Mémoires de la Grande Guerre e é usada em diversas cenas emocionantes do jogo e ficou comigo um bom tempo depois de ver o final da história. Apesar de se repetir, ela não me pareceu cansativa. O repertorio também tem músicas clássicas. Existe uma cena particular no jogo em que os personagens, em um carro dirigido por Anna, estão tentando escapar de um bombardeio ao som de Hungarian Dance (Brahms) e os ataques são sincronizados com a música. Tudo isso enquanto o jogador pilota o carro. Uma maravilha.
A jogabilidade de Valiant Hearts não impressiona muito. O jogo alterna puzzles com pequenas sessões sthealth. É um jogo completamente linear, incentivando pouco o jogador a retornar depois de terminado. Os personagens têm controles parecidos. Emile e Anna tem mecânicas próprias sendo que Emile pode cavar túneis em áreas especificas do jogo e Anna é capaz de curar os feridos em campo de combate. A coisa mais interessante sobre esse aspecto do jogo é que ele deliberadamente se afasta da resolução de problemas de forma violenta. Apenas nas sessões do jogo onde se encarna Freddie é que se encontra algo similar a um jogo tradicional sobre guerra (Onde se resolve os problemas explodindo seus inimigos). Talvez seja uma forma de mostra como o personagem estava tomado pela sede de vingança. Mesmo quando se está pilotando o carro, é tudo muito simples. O lado bom de uma jogabilidade tão simples é que se pode indicar o jogo inclusive para pessoas que não estão acostumadas a videogames. Apesar de ser uma escolha ousada de desenho de jogos, as vezes ela esfria demais a história. Durante um bombardeio ou de um ataque com gás letal, eu fui obrigado a resolver problemas de canos ou descobrir senhas, que paralisa a ação e mata o senso de urgência.
O jogo tem em seus menus uma enciclopédia sobre a primeira guerra mundial. Nela por exemplo eu fiquei sabendo que certos ataques com gás venenoso podiam ser mitigados com uma meia embebida em urina. Essa enciclopédia traz fatos, contexto e um valor educacional ao jogo.
Valiant Hearts é um ótimo jogo. Tem escolha ousadas em desenho de jogos (algumas não funcionam, mas, é de se admirar essa ousadia) e a história é emocionante a música é deliciosa. Ainda é um jogo sobre guerra, mas, anti-guerra. A perdas me pareceram tão reais, e mesmo sabendo o tempo todo o quanto aquela história acabava mal, eu ainda torci pelo bem dos personagens. É um belo jogo.  

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