sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ashes to Ashes...

  Por vezes na sua jornada pelo mundo você ira se esforçar, treinar, dar tudo de sí, o seu melhor e ainda assim não será o suficiente. Poucas obras de arte com que eu tive contato que tiveram a coragem de propor algo tão provocativo e frustrante, terrível e maravilhoso como este tema. No momento em que ele apareceu o jogo Dust: An Elisian Tail começou a ganhar minha admiração.


  No tempo que passei na companhia do insólito grupo de personagens principais Dust( um coelho antropomórfico) Farah (uma espada consciente) e Fidget(Uma espécie de gato voador) eu experimentei o poder de um espadachim magistral e uma fúria justa contra os genéricos globins e homens lagartos que infestam o mundo  fantástico de Falana. Este aspecto do jogo, o poder de Dust ,fica evidente através do controles  afinados que traduzem seus movimentos em um belo balé de golpes que dizima os pobres inimigos com uma ferocidade assombrosa. É interessante que apesar de ser um jogo de duas dimensões os golpes procuram os oponentes o que torna o combate fluido e ágil.

As fases do jogo são muito bem desenhadas e recompensam o jogador que gosta de explorar. Usando a criatividade pude chegar a lugares que só seriam possíveis ao conseguir habilidades novas, o que torna o jogo acessível e ainda assim desafiador. Um dos pontos mais fortes do jogo é o fato de ser um jogo que pode agradar iniciantes e jogadores mais experientes contando inclusive com um modo hardcore. A mecânica de itens e vendedores deveria ser uma lei para todos os jogos. Depois de vender um item ele passa a contar no estoque dos vendedores, nada de procurar itens para melhorar a minha armadura, basta compra-los. Um jogo que respeitou meu tempo.
A história começa bem devagar e com um arquétipo já muito usado: o herói desmemoriado. Dust não sabe quem é ou porque está de posse de uma espada magica. A pequena Fidget o segue por que a sua família é guardiã de Farah(a espada consciente). Ao seguir pelas fases do jogo e pelo enredo fui apresentado ao Antagonista: General Gaius. Capaz na sua busca por poder de conduzir uma guerra que levaria ao extermínio de toda uma raça e ao sofrimento da sua própria mas, ainda assim se mostrou um personagem profundo que também demonstra fortes sentimentos de amizade e companheirismo por Dust com quem tem um passado enigmático e desperta uma pergunta que movimenta o enredo: O que Dust que se revela um herói por seus atos tem em comum com um genocida? Apesar de ter a história principal muito bem polida, falta ao jogo o mesmo esmero ao tratar personagens secundários que algumas vezes lhe oferecem buscas que não convencem e parecem estar ali apenas para prolongar o jogo.
  O jogo tem uma estética de desenho animado e belos efeitos sonoros, pena que a musica em sí não tem nada de memorável.
  Eu percebi homenagens a vários jogos em Elisian Tail, pequenos pedaços de pão para quem joga video game(a infame piada com a lógica dos jogos) mas nada que atrapalhe a alguém que nunca jogou nada na vida.

  Mesmo tendo poderes tão grandes Dust (e eu) não conseguiu mudar o curso de  várias ações.O que eu senti quando mesmo com vontade e trabalho não foi possível  salvar uma vida? Quando isso aconteceu, um elo com a realidade foi formado. Nós estamos acostumados a ver filmes e livros em que quando as pessoas cooperam e trabalham para um objetivo, as adversidades são superadas. Isso nos fez esquecer que a realidade subverte as intenções. E como se comportar diante disso? O que fazer quando você fez tudo certo e ainda assim tudo desmorona? Essa é a bela pergunta que Dust: A Elisian Tail tenta responder.

O trailer do jogo: http://www.youtube.com/watch?v=_MVaAZcxb54

terça-feira, 23 de julho de 2013

A Montanha e o Rio, Da Chen. Toda criança que foi mimada ao crescer, vai se tornar um adulto mal? Toda criança que aprende o valor do trabalho duro se tornará um adulto bom? Da Chen em seu romance responde a essas duas questões ao acompanhar a vida dos dois filhos do general Ding Long no decorrer de suas atribuladas vidas que se misturam com a história da China do Século XX.
A história começa em 1979 e é contada em primeira pessoa e alternando entre os dois  protagonistas Shento e Tan que são extremamente parecidos, as diferenças entre eles são criadas pelos ambientes em que vivem. Shento é o filho bastardo do importante general Lee é criado por Avós adotivos nas montanhas e bem perto do conflito. Sua vida entra em uma espiral de desgraças quando uma guarnição do exército vietnamita arrasa a aldeia que era seu lar. Enquanto Tan passa sua infância cercado de proteções e privilégios que apenas o poder pode conceder. Em seu nascimento recebeu presentes do próprio Mao-Tse-Tung. Aqui o autor separa de maneira bem nítida seus protagonistas o pobre, honesto e generoso, o rico desonesto e egoísta.  
       No desenrolar da história dos dois a sorte se inverte. A família de Tan cai em desgraça e este precisa começar a trabalhar para conseguir seus objetivos, enquanto isso  Sheto através do exército passa de bastardo sofredor a um alto posto na burocracia da china comunista. Enquanto a inversão nos nos ambientes dos personagens acontece uma inversão na características psicológicas deles acontece ao mesmo tempo: o egoísta se torna generoso, o magnânimo se torna vingativo. Da Che cria os dois como irmão e extremamente parecidos para que fique ainda mais obvia a influência do meio sobre eles. Esse é o problemas do livro o autor força a mão ao tentar provar seu ponto e acaba deixando a historia  inverossímil. Existem tantas coincidências unindo os irmãos que fica difícil acreditar na história. Por momentos, eu tive a impressão de estar em teatro de bonecos feito para me convencer de algo. Shento que era um jovem amável e corajoso se torna um assassino de sangue frio e Tan que era um jovem mimado ao extremo se torna um trabalhador nato.
Outro ponto que não me agradou no livro foi a unica personagem feminina relevante para a história: Sumi. Ela parece estar ali apenas para ser o ponto de encontro entre os irmãos. Ela conhece Shento na adolescência e se apaixona por ele, tem um filho com ele mas tem que se separar dele e quando conhece Tan também se apaixona por ele. Parece até mocinha da novela das seis. Todas as ações dela estão são sempre para agradar a algum dos irmãos.
A história dos dois tem como ponto alto o massacre da praça da paz celestial, em que agora Shento é o lider supremo da China e Tan um revolucionário que tenta derrubar a ditadura comunista. Milhares de estudante se reúnem e para exigir democracia, liderados  por Tan, e são massacrados por tanques de gerra, sob as ordens de de Shento. Está parte em sí do livro até que me agradou, mas acho que mais por causa do evento real correspondente do que pela trama.

Ao final o romance foi um evento circular. Shento, assombrado pela sua consciência, renuncia ao supremo comando da China e volta a viver nas montanhas e Tan passa a viver uma vida feliz(e rica) nos Estados Unidos.