sábado, 28 de novembro de 2020

Lunar The Silver Star History: Review e meus pensamentos sobre o jogo.

 Lunar The Silver Star History: Review e meus pensamentos sobre o jogo.

Você acredita que as pessoas têm o poder de se autogovernar? Que no geral a humanidade é boa e que a liberdade é essencial?
Ou... Você acredita que as pessoas que precisam de um líder com pulso forte, que controle e determine a ordem e o progresso da sociedade? Que a liberdade do indivíduo é apenas uma ilusão inocente?
Pensando bem a pergunta mais importante é: Você gosta de romance?
Esses são alguns dos temas do jogo.

Tópico 1:Pequena sinopse

Lançado em 1992 Lunar é um JRPG em que você controla os jovens Alex e Luna na jornada para salvar a humanidade de uma ameaça mágica. A história é genérica, mas, o enredo tem alguns elementos únicos e explora temas surpreendentes. O tom é leve e quase sempre focado em romance e comédia. Claro como todo Jrpg que se preze o conflito escala de tal forma que o final envolve dar um soco (ou uma espadada, bordoada, insira aqui uma arma de sua escolha) na cara de Deus. Foi um jogo tão bem recebido pelo público que em 1998 foi lançado uma nova versão (The Silver Star Story) que é o que eu joguei.

Tópico 2: Os gráficos e animação.

O jogo que é apresentado na forma gloriosa de pixel arte. O desenho dos personagens é charmoso é funcional, porém, é um pouco genérico. Os efeitos de mágicas dão a impressão de devastação e cada arma do jogo tem uma animação própria o que é bom porque mostra o progresso de forma visual. A introdução dos personagens e as sequencias importantes da história são apresentados em sequencias animadas. A grande vantagem desse tipo de apresentação é que geralmente envelhece melhor que os famosos gráficos gerados por computador.

Tópico 3: A música.

Temos aqui belas músicas orquestradas e os personagens são dublados. Eu gostei da dublagem, é muito bom ouvir os personagens falando durante os combates . Não gosto muito da música principal do jogo, mas, é a exceção. Os temas dos personagens e a musica de combate são excepcionais. Num JRPG a musica de combate tem que ser excitante já que ela vai tocar um quinzilhão de vezes.

Tópico 4: O sistema de combate e o jogo.

O desenho de jogo é funcional e é bem difícil de se perder nas “dugeons” ou de não entender como prosseguir a história do jogo. O ciclo do jogo é simples: Conheça novos personagens, explore as “Dungeons”, lute contra hordas e mais hordas de inimigos comuns, passe um bom tempo se curando, enfrente chefes (leve algumas surras) e a história vai prosseguir.
Lunar está muito próximo de uma JRPG clássico, tem um sistema de combate em que o grupo de protagonistas age e depois os inimigos (claro tudo de acordo com a Agilidade de cara personagem). Você tem a sua disposição as opções clássicas dos JRPG’s: Atacar, defender, usar itens e usar mágica. Os comandos de ataque e de defesa fazem com que seja possível alterar a posição dos personagens no campo de combate o que serve para desviar de ataques que os inimigos telegrafam. No começo do jogo não prestei muita atenção a essas sutilezas e acabei morrendo bastante. Eu gosto de jogos que não tem pena de matar o jogador. É entediante quando o jogo é tão fácil que parece um filme interativo.

Existem alguns quebra cabeças no jogo, mas, nada muito difícil.

Eu acho que o maior problema do jogo é um problema que quase todos os JRPGs tem: A repetição. Depois de um tempo os combates contra inimigos comuns se tornam monótonos (eu descarregava 300 magias nos inimigos) e passam a ser mais um incômodo antes de continuar a história e lutar contra chefes. Não me entenda mal, eu gosto mais de JRPGs do que de discutir com estranhos na internet, mas, mesmo os grandes prazeres (como cometer genocídio contra a população de monstros) cansam um pouco. Pelo menos é possível enxergar os inimigos não há os famigerados combates aleatórios.

Tópico 5: História, enredo e interpretações :daqui para frente REVELAÇÕES SOBRE O ENREDO!

No mundo de Lunar, a vida foi criada e é sustentada pela mágica da deusa Altena. A deusa vive entre os mortais e os agracia com milagres e favores. Porém (sempre existe um, porém) de em tempos surge um mal que tenta destruir toda a vida: o Imperador Mágico. Ele conta a ajuda da tribo Vil (uma raça que foi transformada em monstros e banida para o deserto no fim do mundo por se rebelar contra a deusa). Quando o mal aprece, surgem a vários heróis surgem para defender a deusa Altena. (e qualquer semelhança com Os Cavaleiros do Zodíaco talvez seja é pura coincidência) Entre esses heróis sempre está uma pessoa digna e capaz de comandar os 4 dragões elementais do mundo: o Dragon Master. O ciclo se repete eternamente e após esses momentos de conflito há um período de paz.

Esse pano de fundo é revelado durante a história do jogo de maneira bem natural, nada de aparece um personagem discursando meia hora e explicando toda a história do mundo.

Na primeira cena conhecemos o personagem principal: Alex. Ele é um jovem espadachim que quer se tornar o próximo Dragon Master. Ele e seus amigos de infância, Luna: uma moça capaz se conjurar magia através da música, Nall: Um estranho gato voador e Ramus (que tem o poder do capitalismo) moram num vilarejo remoto chamado Burg. O povoado tem apenas duas coisas notáveis: túmulo do último Dragon master: Dyne e a proximidade com a caverna do dragão branco. Os três saem para explorar a caverna do Dragão Branco. Lá Alex vai passar pelo primeiro teste para se tornar o próximo Dragon Master. Depois de passar pelo teste Alex recebe do dragão a capacidade de usar mágica e uma peça da armadura lendária que todos os Dragon Master usam. Mas, a comemoração dura pouco porque uma magia muito poderosa mata o dragão branco. O imperador Mágico está de volta e está determinado a impedir que um novo campeão de Altena surja.

Esse novo imperador magico se chama Ghaleon. Ele foi um dos heróis que ajudou a derrotar a última encarnação do mal.

Após mais ou menos 5 horas de jogo acontece o grande evento que vai dar urgência a história: Luna é sequestrada pelo Imperador Mágico Ghaleon.
A partir daqui Alex continua com sua aventura de se tornar o Dragon Master, e resgatar sua amiga de infância. Na sua jornada para passar pelos testes dos outros dragões se junta a novos companheiros:
Nash um prodígio da cidade dos magos, o personagem mais rápido e tático do jogo. Ele usa magias que causam dano indireto e magia elétricas. Ele também é um dor personagens mais irritantes do jogo.
Mia uma maga herdeira da guida de magos. Ela é a personagem mais frágil do grupo, mas é a que mais causa dano em área. Ela tem que tentar superar o legado da mãe que além de líder da cidade dos magos foi uma grande heroína.
Kyle o chefe de um bando de ladinos, uma espécie de Conan do anime. Ele é lento, mas bate como um trem. Ele é o típico personagem que finge não se importar muito, mas, que tem um coração de ouro.
Jessica uma clériga de Altena: Que que é a caixa de curativos do time. Ela tem que lidar com as expectativas do pai (que vejam só, também foi um grande herói.)

O grupo passa por várias dificuldades na jornada e também vários dos clichês do gênero como: viajar de navio voador, derrotar monstros que estão aterrorizado vilarejos, derrubar uma cidade voadora do céu, tomar banho em uma fonte termal, impedir o sequestros de cantoras, enfim: todas a coisa que se tem que fazer em um bom RPG. Após a jornada Alex recebe os poderes dos outros dragões e o restante da armadura de herói.
Pelo arco narrativos dos personagens também fica claro o conflito juventude VS experiência que é bem próximo do Liberdade VS Totalitarismo.
Foi legal ver os personagens interagindo entre si e uma dinâmica é estabelecida: Existem dois casais: Mia e Nash / e Kyle e Jessica. Eles vão mudando durante a história de uma maneira que gostei de ver. É uma pena que Alex não tenha muito a fazer. Ele apenas sofre por causa de Luna e lida com a atitude afetada de seu gato voador.
Então finalmente o grupo confronta Ghaleon. Mas, o imperador magico limpa o chão com todos. Ele está controlando Luna através de magia e revela que ela é a própria deusa Altena renascida
Há 16 anos atrás quando o antigo Imperador Mágico foi derrotado a Deusa decidiu que ia abdicar de seus poderes e espalhá-los por toda a humanidade. Ela fez isso porque percebeu que que sua presença era maléfica para a humanidade, porque, as pessoas competiam pelo seu favor o que trazia uma serie de desgraças e levava sempre ao reaparecimento do Imperador Mágico.

Então ela decidiu espalhar toda a sua divindade pelo mundo e renunciar a sua imortalidade. Assim a humanidade teria que trilhar o seu próprio caminho.
A Deusa e Dyne( O ultimo e o mais poderoso dos Dragon Master[/ICODE]s) abdicaram de todos os poderes e a deusa reencarnou como uma criança: Luna.
Nesse primeiro confronto grupo só consegue escapar porque o Nall , o gato voador também é um dragão.
Depois de recuperarem eles recebem ajuda de Dyne (que veja só na verdade não tinha morrido) e Alex retira a espada da pedra e adquire um novo poder.
Na revanche contra Ghaleon, o grupo de heróis leva a melhor, porém a Deusa foi revivida e sem o amor que tinha pela humanidade. Ela começa a absorver toda a mágica do mundo o transformando em um deserto. Nos momentos finais do jogo Alex usa sua ocarina para reviver as memorias de Luna. Assim o mundo é salvo e a humanidade tem pela frente a tarefa de traçar seu próprio destino.
A história é toda contada com um tom leve e as relações entres os personagens são bem desenvolvidas. Cada um deles tem um defeito que é superado através das dificuldades da jornada e da relação com os outros. É uma história bem romântica, os personagens crescem através do amor que sentem uns pelos outro. Claro isso vai afastar os cínicos do jogo, mas, para quem gosta de um pouco de esperança nas histórias vai gostar bastante.
Quando o grupo é derrotado pela primeira vez dois personagens (Nash e Kayle) assumem uma postura derrotista e não querem de forma alguma voltar a luta. O interessante é: Durante todo o jogo essa postura era meio que esperado dos dois. E cabe a Mia e a Jessica convencerem os dois a pararem de se afundar em autopiedade e voltarem a luta. É uma versão de “É melhor morrer em pé do que viver de joelhos”. O legal desse momento é que ele é construído durante todo o jogo para chegar a esse desfecho. O grande líder de bandidos e o prodígio de magia foram derrotados. Os personagens sentem o peso das expectativas e quebram sobre esse peso. Mas, conseguiram se reerguer extraindo forças de suas relações. A maneira como isso é feito também é muito boa. Mia e Jessica não vem pedir a eles que lutem, elas vão se despedir e dizer que estão indo lutar novamente. Liderar pelo exemplo.
Eu também gosto do choque de ideais. A liberdade do indivíduo contra as expectativas sociais, a autodeterminação contra o culto a personalidade de uma Deusa ou de um líder forte, um guia iluminado. É o tema que se repete nos personagem e no jogo.
A deusa Altena é claramente inspirada na deusa Athena do panteão grego que é associada a guerra justa e a liberdade. Porém no jogo a deusa não apenas fala em liberdade: Ela se torna humana para viver (e sofrer) a liberdade de uma vida comum. Eu só consigo lembrar de cabeça de uma história em que um deus se torna humano. Bem, talvez eu esteja buscando referencias demais já.

Conclusões:[/I]

Ultimamente (na minha opinião) histórias cínicas e que vomitam os temas sem nenhuma sutileza são consideradas boas escrita. Basta aparecer algum recurso meta-narrativo para os mais impressionáveis dizerem: gênio
Eu tenho um grande fraco por JRPGs, e gosto de passar um tempo nesses mundos fantásticos. São histórias que muitas vezes são inocentes e que tem suas fórmulas e clichês, mas (o famoso KILL GOD), em alguns casos como o do jogo de hoje apresentam alguns temas que me fazem pensar.
Particularmente eu gostei de lunar porque ele me lembrou um sentimento de volta para casa. A muitos anos atrás quando eu joguei o meu primeiro JRPG (FFVI)eu e vi uma coisa realmente especial nos videogames, algo na maneira e experimentar a história que eu não senti em nenhum outro lugar.
O jogo tem várias piadas que não seriam bem recebidas hoje em dia, principalmente as de teor sexual e tem grande parte de seu enredo movido pelo cliché da donzela em perigo. Mas, também tem personagens fortes, que não são definidos apenas pela função na história.
Eu recomendo esse jogo apenas para os veteranos de JRPGs. Apesar dos pontos positivos não acho que quem gostar de jogos mais modernos vai gostar dele. Também acho que é um bom jogo para quem consegue apreciar uma história com um pouco de esperança.

Bem, esse foram os meus pensamentos sobre Lunar, espero que você tenha gostado. Obrigado por ter lido até aqui.