A figura maltrapilha e esfarrapada emparelha comigo na corrida e diz:
- Calma cara! Você tem que correr por prazer, não se esforça demais.
Dos meus pulmões falhos e cansados eu digo.
-Obrigado pelo incentivo mendigo aleatório.
Aumentando o passo ele respondeu:
-De nada bro, adoro ajudar a quem parece mais miserável do que eu.
sábado, 31 de março de 2018
sábado, 17 de março de 2018
Corações Valentes.
Corações Valentes.
28 de junho de
1914. O assassinato do Arquiduque Francis Ferdinand põe em movimento o mais
perigoso evento já visto pela humanidade até então, A Grande Guerra. Valiant
Heart (Ubisoft, 2015,PC) tira o foco dos embates entre as grandes potencias e
acompanha algumas vidas pegas no meio do caos. A história do jogo, que é seu
ponto mais forte, acompanha principalmente cinco personagens: Emile, Freddie,
Karl, Anna e o cachorro Walt. Para não estragar nada sobre ela vou tentar manter
ao mínimo os detalhes. A capacidade dos escritores de misturar história real e
ficção no jogo faz com que seja um deleite ver como certas batalhas e táticas
foram imaginadas. Os temas tratados passam por: Nacionalismo, deserção,
vingança e outros mais. O enredo do jogo se concentra principalmente em Emile. Ele
é um pequeno agricultor francês que vive com sua filha, seu neto e seu genro
Karl. Porem Karl é alemão e como França e Alemanha estavam em lados opostos, Karl
foi obrigado a abandonar sua família e a se alistar. Semanas depois de Karl
deixar sua casa, Emilie é convocado para lutar. Daqui a história se desenrola.
Emile |
A música de
Valiant Heart é, para ser econômico, soberba. A trilha principal se chama Mémoires
de la Grande Guerre e é usada em diversas cenas emocionantes do jogo e ficou
comigo um bom tempo depois de ver o final da história. Apesar de se repetir,
ela não me pareceu cansativa. O repertorio também tem músicas clássicas. Existe
uma cena particular no jogo em que os personagens, em um carro dirigido por
Anna, estão tentando escapar de um bombardeio ao som de Hungarian Dance (Brahms)
e os ataques são sincronizados com a música. Tudo isso enquanto o jogador
pilota o carro. Uma maravilha.
A jogabilidade
de Valiant Hearts não impressiona muito. O jogo alterna puzzles com pequenas
sessões sthealth. É um jogo completamente linear, incentivando pouco o jogador
a retornar depois de terminado. Os personagens têm controles parecidos. Emile e
Anna tem mecânicas próprias sendo que Emile pode cavar túneis em áreas especificas
do jogo e Anna é capaz de curar os feridos em campo de combate. A coisa mais
interessante sobre esse aspecto do jogo é que ele deliberadamente se afasta da
resolução de problemas de forma violenta. Apenas nas sessões do jogo onde se
encarna Freddie é que se encontra algo similar a um jogo tradicional sobre
guerra (Onde se resolve os problemas explodindo seus inimigos). Talvez seja uma
forma de mostra como o personagem estava tomado pela sede de vingança. Mesmo quando
se está pilotando o carro, é tudo muito simples. O lado bom de uma jogabilidade
tão simples é que se pode indicar o jogo inclusive para pessoas que não estão
acostumadas a videogames. Apesar de ser uma escolha ousada de desenho de jogos,
as vezes ela esfria demais a história. Durante um bombardeio ou de um ataque
com gás letal, eu fui obrigado a resolver problemas de canos ou descobrir
senhas, que paralisa a ação e mata o senso de urgência.
O jogo tem em
seus menus uma enciclopédia sobre a primeira guerra mundial. Nela por exemplo
eu fiquei sabendo que certos ataques com gás venenoso podiam ser mitigados com
uma meia embebida em urina. Essa enciclopédia traz fatos, contexto e um valor
educacional ao jogo.
Valiant Hearts
é um ótimo jogo. Tem escolha ousadas em desenho de jogos (algumas não funcionam,
mas, é de se admirar essa ousadia) e a história é emocionante a música é deliciosa.
Ainda é um jogo sobre guerra, mas, anti-guerra. A perdas me pareceram tão
reais, e mesmo sabendo o tempo todo o quanto aquela história acabava mal, eu
ainda torci pelo bem dos personagens. É um belo jogo.
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